Façamos um rápido resumo: em 2014, o primeiro Belive custou aos cofres públicos a soma de 37.000,00€. Em 2015, a factura subiu quase 4 mil euros, para os 40.940,00€, algo que pode ser explicado pela adição de um quarto cabeça-de-cartaz. Já em 2016, o custo da Festa da Juventude regista uma subida residual, para os 41.501,00€. Em 2017, ano de eleições e em que, naturalmente, a procura dispara e os custos também, o certame ficou pelos 43.956,00€, mais 2.500,00€ que no ano anterior. Até aqui, tudo normal.
Contudo, este ano assistimos a uma subida vertiginosa do orçamento do BeLive, que passa dos 43.956,00€ para os 52.126,00€. Uma subida de mais de 8 mil euros, no meu entender difícil de explicar. Difícil de explicar, em primeiro lugar, porque a rúbrica que mais pesa no orçamento, e que diz respeito à contratação dos cabeças-de-cartaz, mantém o mesmo número de artistas. Em segundo lugar, porque o valor de mercado dos artistas de 2017, quando comparado com o dos de 2018, é muito semelhante, motivo pelo qual dificilmente se justifica tão acentuada subida. Em terceiro lugar, o aumento da procura gerado pelo efeito das eleições autárquicas não se verifica em 2018, ao contrário daquilo que sucedeu em 2017. Em quarto, e último, porque o aumento da oferta de espectáculos e actividades de custo acrescido não se verifica.
Porque será que o custo do BeLive aumentou desta forma? Eu não sei e, presumo, a esmagadora maioria dos leitores também não. Mas a verdade é que o aumento é claramente desproporcional quando comparado com anos anteriores, principalmente com um ano de eleições como foi 2017. Não havendo grandes alterações a nível da estrutura, do alinhamento ou dos diferentes espectáculos oferecidos por esta grande festa, este aumento do custo é difícil de explicar. Será que a organização nos reservou uma grande e inesperada surpresa? Ou estará o nosso executivo camarário a esbanjar desnecessariamente, como tantas vezes faz, para gáudio dos cofres da Gabba Produções?
Se a ideia é esbanjar, luxo a que este executivo se pode dar por diferentes factores, sejam eles o clima económico favorável a nível nacional ou a violenta colecta de impostos municipais que todos conhecemos bem demais, talvez fosse um bom momento para responder positivamente a uma reivindicação da associação que integro, o Clube Slotcar da Trofa, que desde 2015 se bate para disponibilização dos autocarros camarários, com vista à criação de um sistema de transportes especial para os jovens que vivem nas restantes freguesias que não a de Bougado, onde o BeLive tem lugar. Infelizmente, continua a ser mais fácil – e barato – para um habitante de concelhos vizinhos, como Famalicão ou Porto, chegar ao BeLive, fruto do protocolo firmado entre a CM da Trofa e a CP. Não há dinheiro para autocarros para os jovens das freguesias limítrofes, mas não faltaram 8 mil euros para engrossar o ajuste directo do BeLive deste ano. Prioridades de um executivo para quem os jovens de Alvarelhos, Guidões e Muro, apenas para citar os casos mais graves, não são uma prioridade.
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